Título: Red Resumption
Autora: Michelle Neves
Classificação: PG-13
Advertências:
Drama/Romance
Capítulos: One-shot
Completa: Sim
Eram 3:47 am em
Sacramento e Jane ainda estava acordado. O pequeno quarto de hotel onde ele tem
vivido é modesto, mas bem aconchegante. No criado mudo ao lado da cama apenas
uma xícara vazia do chá que fora a única coisa ingerida desde o fim do caso do
dia anterior, que acabou resultando na morte de Red John.
Jane, que havia
tirado apenas o terno e os sapatos, estava deitado em sua cama com os dedos das
mãos entrelaçados sobre seu tórax e suas pernas cruzadas. Olhava para o teto e
refletia sobre os últimos acontecimentos. Ele sabia que deveria estar aliviado,
afinal o homem que matou sua família estava morto, e não faria mais vítimas,
não desmembraria mais nenhuma família, não derramaria sequer uma gota de sangue
inocente. Ele devia estar feliz. Mas não estava. Ele não estava satisfeito,
pois não tinha sido ele o responsável pela morte de Red John. Ele não teve a
chance de causar-lhe dor, de olhar nos olhos vazios e desalmados daquele homem
e dizer o prazer que sentia em matá-lo, lenta e dolorosamente, vendo a vida se
esvaindo de seus olhos, vida que ele nunca merecera.
Mas agora era tarde,
aquele monstro estava morto, e por uma morte rápida e quase indolor. Um único
tiro de uma Glock 9mm na cabeça. O que mais incomodava Patrick Jane é que
aquele tiro não apenas tirou a vida de Red John, mas também a possibilidade
dele ter sua vingança, e com isso a única chance de se libertar de sua culpa. A
culpa que carregava desde a morte de sua esposa e filha. Sabia que o que tinha
acontecido a elas era consequência da sua vaidade e egoísmo. Como se não
bastasse se passar por vidente, iludindo e arrancando dinheiro de pessoas, as
quais, muitas vezes estavam em estado de luto, ele tinha que se exibir de uma
forma mais atrativa, traçando o perfil psicológico do serial killer mais temido
no momento em um programa de TV.
Jane não se perdoava
por ter sido tão inconsequente. Desde então vivia para vingar a morte de Angela
e de sua pequena Charlotte. O que ele faria agora? Já tinha sido difícil
aprender a conviver com a ausência de sua família. Por muito tempo ele esteve
em um sanatório recebendo tratamento psicológico para superar a perda. Foi só
após começar a prestar consultoria para o CBI que se permitiu fazer novos
amigos e até voltou a sorrir. Mas sem nunca se esquecer de seu objetivo, sua
caçada a Red John. Agora ele teria que aprender a conviver com a culpa, a qual
ele estava fadado a carregar até seu último dia de vida.
Na manhã do dia
anterior..
O CBI havia recebido
uma denúncia anônima àquela manhã. Informando o possível paradeiro de Red John.
Lisbon sabia que se teria que enfrentar o serial killer era melhor que tivesse
um bom número de agentes com ela. Porém o seu maior problema era manter Jane
afastado. Sabia que quando se tratava de Red John Jane poderia ser inescrupuloso.
Lisbon Chamou Cho em
sua sala, o deixou a par do caso e passou umas instruções. Em seguida
juntaram-se ao restante da equipe. Rigsby e Van Pelt estavam cada qual em sua
mesa, e Jane estava deitado em seu sofá, olhando para o Elvis.
- Ei pessoal,
recebemos um chamado para um caso em Eldridge, fica há algumas horas daqui.
Cho, quero que você e Jane vão imediatamente para lá, não quero que a polícia
local comprometa a cena do crime. – anunciou Lisbon, já executando seu plano
para afastar Jane.
- Você não vem? –
perguntou Jane à Lisbon, já de pé.
- E quanto a nós,
chefe? – indagou Van Pelt, referindo-se a ela e Rigsby.
- Sairemos daqui à
uma hora – falou Lisbon em direção a Van Pelt – encontraremos vocês lá. –
respondeu agora olhando rapidamente para Jane.
- Ok, chefe. – falou
Rigsby.
Jane percebeu algo
estranho no jeito de Lisbon, mas não identificou o que era. Seguiu com Cho para
o elevador e juntos deixaram o prédio da CBI.
Lisbon não estava
confortável com aquela situação, mandar Jane e um de seus melhores agentes para
um caso que não existia. Mas era necessário. Não podia correr o risco de Jane
tentar interferir na prisão de Red John ou até mesmo se colocar em perigo, cego
pela sua sede por vingança. Cho sabia o estava acontecendo, mas com sua
expressão sempre séria Jane não conseguiria extrair dele nenhum indício de que
algo estava errado. Ao menos ela contava com isso.
Assim que Cho e Jane
deixaram o CBI Lisbon revelou a Rigsby e Van Pelt o que de fato estava
acontecendo. Em seguida reuniram-se a outros agentes e partiram rumo ao local
que foi informado.
Algum tempo depois
chegaram ao local, afastado, porém não muito longe de Sacramento. A casa era
grande e cercada por árvores. Na frente uma cerca baixa. Do lado direito havia
uma garagem. Mais à esquerda alguns degraus levavam à porta de entrada. Os
agentes rapidamente se espalharam ao redor da casa e ficaram em alerta. Rigsby
e Lisbon se aproximaram da porta.
- CBI! Abra a porta e
saia com as mãos para cima! – Gritou Lisbon.
- CBI, saia agora ou
nós vamos entrar! – Foi a vez de Rigsby dar o alerta.
Como não houve sinal
de que alguém fosse atendê-los, Lisbon fez um sinal com a cabeça para que
Rigsby arrombasse a porta. Ele obedeceu prontamente. Eles adentraram a casa,
seguidos por Van Pelt e mais dois agentes. Rapidamente se espalharam pela casa
a procura de alguém. Sala, cozinha, banheiro, quartos, todos os cômodos foram
revistados, mas não encontraram ninguém ali.
Até que Van Pelt vê
uma porta, embaixo da escada que dava para o andar de cima. Ela mostra a Lisbon
que a abre imediatamente com a arma em punho. A primeira vista nada estranho
apenas algumas caixas com coisas velhas. Mas ela percebeu que ali, como no
resto da casa, não tinha poeira, alguém havia tirado o pó, esse local não devia
ser assim tão pouco utilizado. Lisbon nota outra portinha no chão. Ela chama
Rigsby, que por sua vez levanta a porta. Logo percebem que aquela era uma
passagem para um porão. Rigsby desce as escadas primeiro, usando sua lanterna
para iluminar o local e certificando-se de que não havia ninguém ali também.
Lisbon desce logo em seguida, assim também como Van Pelt. E o que eles veem é
assustador. Todo o local estava decorado com sorrisos vermelhos, recorte de
jornais e fotos. Muitas fotos de mulheres mortas, e eram fotos inéditas, não
cópias das que foram tiradas pela perícia em cada cena do crime. Fotos que só
poderiam ter sido tiradas pelo assassino. Em algumas delas as vítimas ainda
pareciam vivas e implorando por misericórdia. Eram imagens perturbadoras. Eram
sem dúvida as vítimas de Red John.
Em cima de uma mesinha
ao lado de uma poltrona havia uma xícara de chá quase completamente vazia. Mas
outra coisa ainda chamou mais a atenção de Lisbon, a frente da poltrona,
encostado à parede, uma mesinha, esta maior que a primeira, com dois
televisores e fones de ouvido. As TVs exibiam imagens que pareciam ser de
câmeras de segurança. Uma delas parecia exibir a frente da propriedade, a
outra, Lisbon reconheceu instantaneamente: sua sala no CBI. Sua face se
contraiu em completa surpresa e incompreensão. Quando aquilo havia sido
colocado lá? Desde quando ela estava sendo vigiada? Imediatamente ela mandou
que os agentes fizessem uma busca nos arredores da casa. Se Red John ainda
estivesse por perto ela iria pegá-lo. Também solicitou a perícia para procurar
digitais e outras evidências que pudessem ser encontradas naquele lugar.
Já do lado de fora da
propriedade os agentes haviam se espalhado, alguns tinham ido em direção a uma
floresta que ficava por trás da casa. De repente Rigsby grita:
- Chefe, precisa vir
aqui!
Lisbon rapidamente
vai até o agente e vê, ao chão, uma casamata. Ela faz sinal pra que mais alguns
agentes se aproximem e pede para que Rigsby abra.
- Não dá, chefe. Está
trancado, por dentro. – Ele responde depois de uma tentativa sem sucesso de
abri-la.
- Precisamos
arrombar! – Lisbon fala.
Os agentes disparam
tiros onde ficava a dobradiça da pequena porta. Assim que conseguiram
destruí-la e tirá-la fora, um homem dentro os surpreende sacando uma arma e
disparando contra o agente Rigsby. O tiro o acerta no ombro, onde o colete não
o protegia, e ele cai para trás. No segundo seguinte, Lisbon, que estava bem ao
seu lado, reage contra o homem antes que ele possa pensar em disparar
novamente. Um único tiro, na cabeça. E o homem de rosto conhecido cai. Morto.
- Oh meu Deus, Wayne!
Você está bem?! – Perguntou Van Pelt se ajoelhando ao lado do agente, com
lágrimas de preocupação em seus olhos. Ele apenas olhava pra ela, um pouco
assustado, sem responder nada.
- Van Pelt, fique
pressionando o local do ferimento, vou chamar uma ambulância. – Disse Lisbon e
saiu. E a agente obedeceu.
- Você vai ficar bem,
está me ouvindo? Vai ficar tudo bem! – Falou Grace à Rigsby enquanto algumas
lágrimas rolavam em seu rosto.
Duas horas depois..
Cho e Jane estavam quase
chegando à pequena cidade de Eldridge quando o som de um celular quebra o
silêncio no interior do carro.
- Cho. – Cho atende
ao telefone.
- Cho, vocês já pode
voltar, o caso já foi resolvido. – fala Teresa Lisbon.
- Ok, chefe.
Cho faz uma manobra,
na estrada quase sem movimento, e Jane imediatamente o questiona sobre o que
está acontecendo.
- O.. o que.. aonde
vamos?
- Já podemos voltar.
– Respondeu Cho a Jane.
- Como assim 'já
podemos voltar'? Nem chegamos lá ainda. E a cena do crime em Eldridge?
Em seu rosto Cho não
esboçava nenhuma expressão, não havia o que decifrar ali. No entanto, Jane
podia notar, pela expressão corporal do agente, certo desconforto. O modo como
Cho apertava o volante com força e sua respiração pesada o entregava. Algo o
estava incomodando.
- O que a Lisbon
queria? Onde ela está? – Insistiu Jane.
- No CBI. – Foi tudo
que Cho falou.
Jane percebeu que
havia algo que o agente não estava lhe contando. Sem dúvida alguma coisa estava
acontecendo e por algum motivo não queriam que ele soubesse. Lembrou-se do
comportamento de Lisbon aquela manhã, o fato de ter enviado apenas ele e Cho
para a cena do crime. Por que ela ainda estava no CBI? Ela havia dito que
sairia uma hora depois deles. Já era pra ela e o resto da equipe estarem a
caminho de Eldridge. Definitivamente algo sério estava acontecendo.
Enquanto isso no
CBI..
Lisbon estava na sala de Bertram, lhe passando as
principais informações do caso Red John.
A começar pela sua identidade: Brett Partridge. A
perícia encontrou as digitais dele por todo o porão, fotos, televisores,
xícara, esta continha também saliva, a confirmação do DNA demoraria mais um
pouco, mas era provável que seria positiva também. Contou também sobre as
fotos, e como elas eram horripilantes. Entre elas havia as da esposa e filha de
Jane.
Bertram, por sua vez,
foi quem informou a Lisbon que enquanto ela fora caçar Red John, outra equipe
ficou encarregada de identificar a pessoa que fez a denúncia informando onde o
serial killer estava. Fora um dos funcionários do CBI, uma pessoa que trabalhava
na limpeza. O homem se dizia arrependido de ter se tornado cúmplice de um
sociopsicopata, confessou ter feito a denúncia e instalado a câmera na sala da
Lisbon alguns meses atrás a pedido de Red John.
Após trocarem as
informações, Lisbon se dirigiu à sua sala para preparar os relatórios, que
seriam muitos, sobre o ocorrido àquela manhã.
Algumas horas
depois..
Sentada em sua
cadeira, no escritório, Lisbon, que tinha sobre sua mesa uma grande pilha
documentos e muito trabalho burocrático, não parava de pensar em Jane. Tentava
imaginar qual ia ser sua reação quando ele soubesse que ela o havia enganado.
Que Red John foi localizado, morto e identificado.
De repente, como um
furacão, Jane, que ao ouvir a conversa de alguns agentes no elevador já ficara
sabendo do que tinha acontecido, entra em sua sala.
- Você não tinha este
direito! Você sabia que Red John era meu! Não podia ter me deixado de fora
disto! Não podia ter feito o que fez! – Dispara Jane quase gritando.
- E você sabia que eu
queria prendê-lo, e não poderia correr o risco de você estragar tudo. – Rebate
Lisbon.
- Você matou Red
John! Você não o prendeu. Você me tirou a única coisa que eu queria na vida, a
minha vingança!
- Eu não tive
escolha! Eu também não queria que fosse assim, eu o queria atrás das grades pra
pagar por todos os crimes que cometeu. Mas ele reagiu. Ele atirou no Rigsby,
que nesse momento está numa cama de hospital. Eu tive que atirar.
- Eu confiei em você
e você me traiu. Ao invés de você me avisar que tinha encontrado Red John e me
deixar pegá-lo você me mandou pra longe! – Fala Jane, revoltado, ignorando
completamente os argumentos de Lisbon.
- Eu fiz isso por
você. Espero que algum dia você veja isso. – Lisbon responde com um tom de voz
mais baixo e lágrimas nos olhos.
Sem dizer mais nada
Jane sai da sala de Lisbon e vai embora. Lisbon continua ali, imóvel sentada em
sua cadeira e com uma frase ainda ecoando em sua mente: "Você me tirou
a única coisa que eu queria na vida, a minha vingança." Tudo estava
acabado. Intencional ou não, Red John estava morto. E ainda assim Jane só
pensava na vingança que não teria. Lisbon sentia um misto de raiva e decepção.
Ela tinha esperança de que quando esse dia chegasse as coisas seriam
diferentes, que Jane se sentiria livre para recomeçar sua vida. Mas talvez ele
só precisasse de espaço e tempo para digerir melhor tudo isso. E ela daria isso
a ele.
No dia seguinte..
Os primeiros raios de
sol já transpassavam as persianas da única janela do quarto. Jane estava a mais
de doze horas naquele lugar e não havia pregado os olhos. Tudo que ele
precisava agora era de um bom banho, uma xícara de chá, e um novo motivo para
viver. E ele até já sabia que motivo era esse.
Teresa Lisbon.
Por mais que ele
estivesse chateado por ela ter escondido dele e até o afastado da captura de
Red John, ele tinha que admitir que ela estava certa. Se ela tivesse permitido
que ele fosse junto com certeza ele agiria por impulso podendo colocar a equipe
e a si mesmo em perigo.
Mas Jane tinha que
fazer isso direito. Primeiro, ele tinha que se desligar do passado. Tomou um
banho, vestiu roupas limpas, não o seu habitual terno de três peças, ele vestiu
uma calça jeans e uma camisa azul clara de botões, deixando os dois primeiros
abertos. De repente ele escuta um barulho e percebe que veio do seu próprio
estômago. Resolve então passar numa padaria onde pede uma xícara de chá, ovos e
torradas.
Depois de alimentado,
Jane dirige seu Citroen DS21 pela West Side Fwy com destino à sua propriedade
em Malibu. Caminho com o qual já estava familiarizado, pois mesmo depois de
decidir morar num hotel próximo ao CBI vez ou outra ele voltava àquela casa
para rever o rosto sorridente na parede de seu quarto e reafirmar pra si mesmo
que faria vingança mesmo que isso significasse passar o resto da vida em uma
prisão ou até mesmo receber uma injeção letal.
Depois de algumas
horas ele chega à sua casa. Ao passar pela porta já é possível sentir o cheiro
de mofo, devido o longo tempo em que o local ficava fechado. Jane sobe as
escadas e segue pelo corredor até seu quarto e para diante do desenho na
parede. Após todos aqueles anos o vermelho vivo se tornou escuro, sujo. Ali
Jane permaneceu por alguns minutos, enquanto lembranças corriam por sua mente,
desde a noite que vira aquela pintura pela primeira vez até a notícia da morte
de Red John. Em seguida, decide andar pelo resto da casa, desta vez forçando-se
a lembrar apenas dos bons momentos que vivera ali com sua família.
Saindo da casa, Jane
resolve caminhar pela praia. Após alguns metros caminhando, sapatos na mão
direita, pés descalços na areia, ele sente o celular vibrar em seu bolso. Pega
o aparelho com sua mão livre e vê o nome no display. Teresa Lisbon.
Era de se imaginar, já que ele não havia avisado que iria faltar ao trabalho.
Ele se lembra da briga que teve com ela e de como foi injusto a acusando
daquela forma. Afinal ela estava fazendo seu trabalho. Ele decide não atender.
Precisava falar com ela, mas teria que ser pessoalmente.
Ele passa mais algum
tempo sentado na areia, admirando o mar de um verde tão profundo que quase
superava a beleza dos olhos de Lisbon. Quase. Com um sorriso leve
nos lábios ele dobra as pernas da calça até a altura do joelho, deixa os
sapatos ali, se levanta e anda em direção ao mar, até que seus pés estivessem
emersos àquelas águas. Inspirou e expirou profundamente por alguns segundos,
olhos fechados, sentindo a brisa fresca em seu rosto. E num movimento suave e
determinado ele retira o anel de seu dedo anular esquerdo, leva-o aos lábios e
então o lança ao mar. Era hora de se permitir ser feliz novamente.
À noite..
Sozinha em seu
apartamento, Lisbon estava em seu sofá. Na TV ligada, passava um filme antigo,
mas os pensamentos de Lisbon estavam longe dali. Em Jane. Tentava imaginar o
que ele tinha feito durante o dia, já que não apareceu no trabalho nem atendeu
suas ligações. Ele estava mesmo com raiva dela, ela pensou. Mas ela não estava
arrependida de tê-lo afastado daquele caso. Pouco se importava com Red John,
ela fez isso por Jane. Não podia deixa-lo fazer algo estúpido e acabar atrás
das grades. Não podia deixa-lo sair de sua vida. Ele era importante demais pra
ela, mais até do que ela gostaria. Ela só queria que ele se abrisse pra vida, e
ai quem sabe eles poderiam.. "Não" – ela se
recriminou e afastou o pensamento. Ela pra ele era apenas uma amiga, chega de
ilusão. Ele foi muito claro quando disse que a única coisa que queria era sua
vingança.
Nesse momento um som
a arranca de seus pensamentos. A campainha. Apreensiva, ela vai até a
porta e olha pelo olho mágico.
- É ele. – Ela
murmura surpresa. Passa a mão no cabelo, engole seco e abre a porta.
- Oi. Posso entrar? –
Ele pergunta. Olhos fixos nos dela.
Por um momento ela
apenas o olha e repara na roupa não habitual dele, uma camisa polo verde claro
e uma calça jeans. Finalmente ela abre passagem e faz um gesto com a cabeça pra
que ele entre. Após ele passar por ela, ela fecha a porta e então repara na sua
própria roupa e enrubesce. Vestia apenas uma camiseta preta de alças e um short
azul folgado, que não media mais que um palmo. Não esperava receber visitas
àquela hora, já passava das 9:00 pm.
- Então.. como está o
Rigsby? – Jane pergunta, evitando ir direto ao ponto.
- Ele vai ficar bem.
A bala o transpassou sem atingir nenhuma artéria importante. Ele ainda ficará
em observação por algumas semanas e então poderá ir pra casa. Van Pelt está com
ele no hospital. – Ela respondeu.
Com as mãos nos
bolsos, Jane desviou o olhar dos olhos de Lisbon por uns segundos e então
voltou a encará-la.
- Ouça Lisbon, eu.. eu
sinto muito por ter falado daquele jeito com você.. – Ele começa, mas ela o
interrompe.
- Jane..
- Não, me deixe
terminar. – Ele insiste, erguendo uma mão em protesto – Eu não tinha o direito
de ter falado com você daquela maneira. Eu sei que você estava fazendo o seu
trabalho, e fez da melhor forma que pôde. Você é a melhor agente
que eu conheço. – Ela o olhava atentamente – E você estava certa, eu teria
feito algo estúpido se tivesse ido com você e os outros.
- Jane.. – Ela tenta
interromper novamente, sem sucesso.
Ele dá um passo à
frente, chegando mais perto, e leva uma de suas mãos aos lábios dela,
calando-a.
- Eu te amo, Teresa.
– Ele confessa e abaixa sua mão, sem desviar seus olhos dos dela.
- O.. o que? – Ela
fala baixinho, dando um pequeno passo para trás. Jane pôde ver a surpresa
estampada naquele lindo rosto.
- Eu sei que eu já te
disse isso antes – ele continua, agora segurando a mão direita dela com a sua
esquerda – e eu fingi que não lembrava porque ainda não era o momento certo.
Não enquanto Red John estivesse vivo. Não poderia colocá-la em perigo dessa forma.
Lisbon abaixa a
cabeça e olha para o lado. Em seguida o encara e fala:
- Ontem na minha sala
você disse que tudo que importava pra você, a única coisa que
você queria na vida era sua vingança, e que eu tinha te tirado isso.
- Me desculpe por
isso. Eu estava errado. Eu realmente queria me vingar de Red John, mas eu posso
viver sem isso, ele está morto, é o que importa. Mas o que eu não posso mais e
não quero, é viver sem você. Você é a pessoa mais importante pra mim. Minha parceira,
minha amiga, minha chefe.. – falou a última palavra dando um sorriso – e espero
que também queira ser minha namorada.
A esta altura os
olhos de Lisbon já estavam cheios de lágrimas beirando o precipício. E elas não
se sustentaram mais quando Lisbon olhou para a mão de Jane que segurava a sua e
viu que ele não estava mais usando aliança. Ele finalmente havia decidido
seguir em frente. Ela não pôde conter um sorriso largo, enquanto suas lágrimas
caiam pela sua face. Jane rapidamente ergueu sua outra mão e as enxugou.
- O que foi? – Jane
perguntou, ligeiramente sorrindo.
- Você.. tirou sua
aliança.. - Ela diz.
- Sim, eu tirei. O
passado agora é passado. Eu quero viver o presente. Com você, Teresa. – Ele dá
uma breve pausa, buscando o olhar da mulher a sua frente. – O que me diz?
- Eu digo que.. eu
também te amo, Jane. – Ela falou abrindo um sorriso ainda tímido e olhado para
baixo logo em seguida. – Droga, eu te amo tanto! – Rendeu-se repetindo a
declaração, desta vez mantendo o olhar nos olhos de Jane.
Jane abriu um sorriso
convencido e inclinando a cabeça de lado disse:
- Eu já sabia. E pode
me chamar de Patrick.
- Ah, já sabia é? –
Lisbon fala sorrindo e arqueando as sobrancelhas. – Seu convencido!
- Esqueceu que nossas
mentes estão conectadas? Eu posso ler seus pensamentos.
Lisbon sorri. Jane se
aproxima dela, afastando uma mecha de cabelo de seu rosto, passando para trás
da orelha e levando sua mão até a nuca dela.
- Então você aceita
ser minha namorada? – Ele fala com o seu sorriso mais charmoso.
- É claro aceito. –
Ela falou. – E não faça eu me arrepender disso ou eu te machucarei muito! – Ela
completou em um sério tom de brincadeira.
- Eu não tenho
dúvidas – Ele respondeu dando-lhe mais um belo sorriso.
Ele a puxa para um
beijo. Um beijo quente, intenso e de uma urgência crescente. Por um bom tempo
ficam ali, apenas provando o sabor um do outro, sentindo o calor um do outro.
Há muito tempo, em segredo, ambos ansiavam por este momento.
Jane não podia
acreditar que finalmente tinha Lisbon em seus braços. Poder tocar-lhe os lábios
com os seus, sentir o aroma suave de canela entrando por suas narinas,
entrelaçar os dedos em seus cabelos macios, tantas vezes ele sonhou com isso. E
agora estava acontecendo.
Lisbon estava
completamente entregue àquele homem. Há muito tempo ela o amava, mas ele nunca
deu a entender que o sentimento era recíproco, exceto aquela vez em que disse
que a amava e depois fingiu não se lembrar. Mais isso não importava mais. Ele
estava em seus braços, agora. Ele finalmente decidiu ser feliz. E com ela.
Jane a apertava
contra ele, uma mão ao redor de sua cintura, a outra em sua nuca. Lisbon, por
sua vez, com seus braços em torno do pescoço de Jane, enroscava os dedos nos
cabelos louros do seu amado consultor, e agora namorado.
- Consegue ler meu
pensamento agora, Patrick? – Pergunta Lisbon entre um beijo e outro e com um
tom cheio de malícia.
- Pode apostar que
sim. – Jane responde sorrindo.
Ele desce sua mão esquerda até a parte de trás da
coxa de Lisbon. O calor da mão dele sobre a pele dela era como uma descarga
elétrica que fazia seu corpo inteiro queimar. Enquanto descia beijando-a pelo pescoço,
ele segurou sua perna com firmeza erguendo-a até seu próprio quadril. Em
seguida abaixou seu tronco apertando-a ainda mais pela cintura com seu braço
livre e a sustentou no ar. Ela logo entendeu o movimento e passou sua outra
perna também ao redor do quadril de Jane, o enlaçando. E assim, com sua amada
em seus braços, Jane caminha até a escada que dá acesso aos quartos para uma
longa primeira noite de amor com a mulher de sua nova vida.
Fim
ai meu Deus boa demais adorei amei
ResponderExcluirQue bom que gostou! *--*
ExcluirE obrigada por comentar! :)
Estou conferindo a Fanfic agora. Muito boa! Imaginei até as cenas kkkkkkkk Quando eu gosto, divulgo na minha página de The Mentalist. Essa é boa!
ResponderExcluirObrigada, Luciana! Que bom que gostou, isso vindo de outra escritora é muito bom :)
ExcluirE obrigada pela divulgação! (y)
Perfeita! Tô apaixonada pelo blog *-*
ResponderExcluirNinna, querida, fico tão feliz com isso! *--------*
ExcluirNós também adoramos suas fics (e eu sei que posso falar pela Juh).
Obrigada pelo carinho de sempre. :)
#Michelle Neves
Uau!! É tão boa, gostei tanto q to sem palavras aqui...
ResponderExcluirQue bom, Debora! Fico feliz que tenha gostado! :D
Excluir